segunda-feira, 21 de junho de 2010

A dama.

Ela caminhava pela estrada de terra naquela noite escura.

Não havia lua, nem vento.

Seus passos, rápidos e tensos, como quem deseja correr, mas já não tem mais forças para fazê-lo.

As mãos suadas se apertam em garra sobre o peito, que arfa sufocando um desejo de gritar intensamente.

O sangue machando seu longo vestido está quase seco, marcando seu colo exposto .

- Eu tinha o direito – repete mentalmente.

O silêncio a envolve. A noite a abraça.

Nunca mais voltará.

Sonhos Desfeitos

Dentro de nós, sonhos mortos apodrecem em charcos profundos.

Caveiras alguns, múmias outros, zumbis sem vontade na maioria, assim habitam dentro de nós os desejos e anseios perdidos do passado.

Alguns nunca foram alimentados, natimortos malditos.

Crianças descanardas perambulam por nossa psiquê, desejosos de quem lhes tire a orfandade moribunda.

Fantasmas sem vontade, assombram nossos corações, pelo que poderia ter sido e nunca foi de fato.

Devaneios, sonhos de um dia, objetivos abandonados, delírios e visagens… todos morrem, um dia.