segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Emocione-se…

 

 

A pedra não reage.

O gelo pode ficar séculos cobrindo a terra.

O deserto sofre poucas mudanças e a areia se move invadindo e dizimando o entorno.

O Mar da Tranquilidade, na Lua, não tem uma onda ou brisa.

A vida pede movimento e mudança.

Revire o lodo, revolva a terra. A semente só germina se houver ar, putrefação e umidade.

Quem não se mexe está morto. Quem não se modifica, parou na vida e sobrevive na mediocridade.

Ande, corra, mas não pare.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Insano.

 

 

 

 

 

 

 

 

É viver.

E tenho lido…

 

Há várias formas de conhecer as pessoas. Olhares, toques, sexo, contratos, afinidade, desafios, sofrimentos e sabe-se lá quantos mais.

Uma de minhas preferidas é a leitura.

A escrita traz à luz mundos internos complexos e tão belos. Mundos profundos e tão densos, tanta poeira remexida, tanto conhecimento íntimo que nem se sabia que tinha.

Ganhaste um fan com suas histórias, ganhaste um apoiador para o que precisar, pois a grande noção da afinidade é a admiração pelas capacidades incríveis daqueles que gostamos.

Nào me canso de dizer:

- Mostre ao mundo seu talento!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Que o Cisne seja negro…

 

“O cisne, quando sente ser chegada / a hora que põe termo a sua vida, / música com voz alta e mui sabida / levanta pela praia inabitada. / Deseja ter a vida prolongada / chorando do viver a despedida; / Com grande saudade da partida, / celebra o triste fim desta jornada…” (Camões)

Assistir ao filme Cisne Negro é uma experiência no mínimo incômoda e dolorosa em vários momentos. Somos guiados pela ótica da bailarina Nina, a “garota meiga” no papel da rainha dos cisnes na remontagem de O lago dos cisnes, centro de toda a narrativa dessa obra cinematográfica.

Da dor ao constrangimento, da repressão à morte como expressão de vida, o filme nos angustia com locais sempre fechados, sem visão de horizonte ou amplidão, como a alma da protagonista. Sempre há olhos externos ou internos a vigiar-lhe os passos, sua voz é baixa sua presença, pífia.

O sentir-se viva, o deixar-se levar é o seu desafio, encarnar o Cisne Branco e o Cisne Negro no palco. Viver fora da perfeição que desejava alcançar, deixando que todo o “mal”que havia dentro de si se manifestasse para encantar, seduzir, tocar as almas do público.

Nina se odiava, pois por mais que se esforçasse não se sentia perfeita, roubava objetos de seu símbolo da perfeição, desejava, por mais que se enganasse, seu príncipe. Precisava do verdadeiro amor para retirá-la da forma de cisne.

A agonia da busca da perfeição, a tragédia escrita e anunciada nas primeiras cenas, o canto final de vida, de uma vontade nunca manifestada, que grita na escolha do morrer para que sua vida tivesse significado.

Cisne Negro, eu recomendo.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Eita vida besta, meu Deus.

E naquela tarde, somente naquela tarde, viver não era difícil.

Era o simples ato de deitar-se no sofá, levantar as pernas e sentir a vida doendo em seus ossos.

As cargas, os tempos, os medos, os desejos, tudo passa quando estamos em nós mesmos.

O sossego de ler.

O afago do lar.

Os peixes no aquário.

Chega de complicação, mundo doente e cão.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Pretensiosa Elegia

 

Fim de tarde, sentou-se na varanda e olhou a cidade.

Telhados já velhos e gastos o circundavam, antenas cobriam a paisagem e ao fundo, além do rio, via-se a área central, com seus edifícios orgulhosos.

bairro alto

O bairro era tranqüilo e simples é verdade, mas guardava dignidade e uma história. Já fora a área nobre da cidade, mas isso quando o café e a via férrea eram especiais e por suas ruas circulavam os belos senhores de terno e formosas senhoras de chapéu. Hoje não há mais brilho e status, só paredes gastas e mofadas, telhados escuros, famílias sem passado, cortiços com seus varais espalhados e jovens moças com poucas roupas. A má reputação afeta a tudo, até a beleza.

Tantas foram as vidas que por ali passaram, um cenário de tantas histórias e cores que nunca voltarão a ser vistas, incluindo algumas que a maioria evitará lembrar. Tantos medos, desejos, anseios, sonhos desfeitos, mortes em vida, tanta garganta presa com o que nunca foi dito.

Na rua abaixo três garotos jogavam bola descalços, num terreno baldio no outro quarteirão um grupo soltava pipa, pela janela da casa em frente ouvia-se duas meninas que riam e brincavam, no sobrado da esquina um casal de velhinhos conversava numa lentidão de viver. Vidas pequenas, vidas comuns... Comédias curtas e tragédias anônimas, fábulas nunca anotadas e que jamais serão conhecidas.

A vida tem esse tom paradoxal, de tanta que há a nossa volta deixamos de notá-la, de tanto que nos povoa e nos chama, deixamos de ouvi-la, de tanto que nos tortura não a sentimos em sua plenitude.

E quando a vemos, sentimos e mais a desejamos, ela está no fim...

(Texto de 09 de Setembro de 2005, uma tarde de nostalgia sem sentido, na qual a dor e prazer de viver gritam por dentro)