quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A ti.

 

“Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros usam a virtude

Para comprar o que não tem perdão

Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados

Onde germina calada a podridão

Porque os outros se calam mas tu não” (Sophia de Mello Breyner Andresen)

Tua saída fechou uma porta, que ressoou pela casa e pela minha alma como um trovão. Tua saída me angustia por apresentar a mim mesmo saídas e escolhas que por muito tempo fingi ignorar e pintei como paredes falsas em minha casa.

Ao partir, ergueste a cabeça, altiva, embora eu visse tua dor e teus medos.

Alguns esperavam gritos e ladainhas, feridas e palavras ásperas, mas nada disso foi dado a seu deleite perverso.

Saíste e apontaste a covardia que gritava, escondida sob facetas e teatros de sorrisos e beleza.

Teu prazer agora é teu, teu tempo agora é teu, pertences agora a ti mesma porque empurraste a terra que cobria o sepulcro em que jazias.

Caminha e pisa forte, deixando marcas de tua passagem por esse mundo estranho.

Um comentário:

juliana g. disse...

meu amigo, saiba que estou saindo para poder ficar! =)